O eco dos seus passos no soalho trazia-lhe tranquilidade. Recordava-lhe o bater do coração no peito da sua mãe. Esse conforto. Por isso, passeava pela casa nas horas em que o sol espreguiçava-se pelas vidraças.
Por isso, madrugava.
Por isso, madrugava.
O amanhecer daquela casa pertencia ao seu sapatear e às faustosas lenga-lengas das aves no jardim.
Antes das criadas sacudirem as colchas pesadas pelas janelas do piso de cima e antes mesmo de cantarolarem pela cozinha lá em baixo, ela ocupava toda a casa.
Passo a passo.
No silêncio singular daquela hora ela gostava de sentir o seu peso no tabuado. De fazer ranger cada tábua e atravessar demoradamente cada degrau alcatifado das escadas.
Quando por fim o sol aquecia a casa, acordava o seu filhinho num sussurro:
No silêncio singular daquela hora ela gostava de sentir o seu peso no tabuado. De fazer ranger cada tábua e atravessar demoradamente cada degrau alcatifado das escadas.
Quando por fim o sol aquecia a casa, acordava o seu filhinho num sussurro:
"Vem comigo à despensa, meu amor" .
Sapateava pelo corredor das criadas apertando-o no seu peito. Esse conforto.
"Inspira fundo. Sente bem o aroma do anis e escuta este meu coração."
A despensa húmida das mercearias cheirava a especiarias doces como o cabelo do rapazinho quando dormiam abraçados pela noite.
"Filhinho, nunca afastes o encanto.
Sem comentários:
Enviar um comentário